terça-feira, 30 de agosto de 2011

Turquia II

Biblioteca de Ephesus, uma das mais bem preservadas do Mundo Antigo
(embora as estátuas originais descansem num qualquer museu europeu chique, em vez de no seu verdadeiro sitio)

No aeroporto, fomos logo brindados à entrada com o balcão "declare as suas armas". Portanto para voos domésticos, não é proibido levar armas dentro do avião, desde que elas sejam declaradas à entrada (suspiro).

Ephesus foi uma das capitais mais importantes do Império romano e aparece em diversas passagens da Bíblia —segundo consta, foi aqui que dona mãe de Jesus morreu e a casa onde morou também dá para fazer visita— e onde está uma das 7 maravilhas do Mundo Antigo (não se entusiasmem, é uma coluna e meia).

Ficámos no hotel mais simpático e acolhedor onde eu alguma vez estive o - Jimmy's Place. O dono, o Jimmy, era um turco com inglês perfeito, que tinha vivido nos EUA. Todos os empregados de hotel eram animados, criando um ambiente tão familiar que todos os hóspedes acabavam a conversar uns com os outros às refeições, servidas no exterior, debaixo de um alpendre. Haviam gatos por todo o lado (os turcos tratam muito bem os gatos, não havia cantinho de Istambul que não tivesse um gato a ser alimentado pela vizinhança) que eram afastados das mesas pelos empregados com um borrifador, enquanto ríamos às gargalhadas (os gatos ganhavam sempre).

No hotel conhecemos a Leslie F., uma escritora canadiana em crise de meia idade, que disse ao marido "fui, mas volto" e rumou à Turquia, sozinha, durante um mês. Estávamos já em Ephesus no dia em que a Turquia foi a referendo para decidir uma alteração importante na constituição. A Leslie dizia que tinha muito medo que resultasse daí uma revolução civil nos próximos dias. Menos de um ano depois, é curioso ver que tantos países árabes se revoltaram, enquanto que a Turquia se mantém firme.

Em Ephesus fizemos pela 1ª vez excursões e adorei a experiência. Eu que resisto a andar em carneirada, confesso que aprendi muito mais a ter um entendido a explicar-me os locais, do que se tivesse sozinha a olhar para um mapa. Adorei as ruínas e adorei a história da Turquia, que é fabulosa. Posso dizer-vos que os turcos estão para os gregos como nós estamos para os espanhóis - relacionamento difícil.

No grupo de uma das excursões, conhecemos o Dr. Don, um americano de Nova Orleães, psiquiatra infantil, com mais de 60 anos. Confessou-nos que durante a semana que foi obrigado a estar fora de casa por causa do furacão Katrina, a sua grande preocupação eram as garrafas de vinho do Porto, que não tinham ficado no frio. Conhecia a Europa toda, menos Portugal e também não sabia que o vinho se fabricava cá (americanos..) Quando saísse da Turquia ia rumar à Alemanha, para o Oktoberfest e depois aos EUA para ser operado a uma escoliose grave (que no entanto nunca o impediu de estar quieto).

Já em Lisboa, troquei mensagens no Facebook com a Leslie, que me disse ter conhecido o Dr.Don no dia a seguir de termos estado com ele. Mais uma prova que o Mundo é do tamanho de um alfinete.

Foi no ultimo dia, na ultima visita, no fim de tudo, que bebemos água de um garrafão (que só percebi depois que devia ser água da torneira), e que nos fez perder a nossa meta de "fui à Turquia e não vim de caganeira". Viemos. E não tinha tido memória de coisa igual.

1 comentário:

  1. Armas em voos domésticos permitidas... Eu nem uma lima de unhas num avião daqui a ali, mas na Turquia podemos levar armas ainda que declaradas. Bizarro. O que não tira a beleza do lugar, mas é sem dúvida um país bizarro...
    Bjs*

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