quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Do viajar

Acho que isto tende a desaparecer, conforme as viagens se vão tornando mais baratas, mas muitas pessoas continuam a associar o viajar a riqueza, o que a mim me parece uma ideia desajustada da realidade. É óbvio que viajar implica que já se retirou o dinheiro necessário para comer e para as outras despesas e é claro que há pessoas a quem não sobra nada. Mas vejo muitas pessoas admiradas que não percebem onde eu vou buscar dinheiro para viajar tanto, quando eu sei que ganham tanto ou mais do que eu e pagam férias no Algarve ou na Costa Vicentina. Não estou a criticar, nem elas me criticam, mas parece-me é que as pessoas têm uma ideia errada de quanto custa realmente viajar para fora do País.

Existem viagens para todas as bolsas e para todas as vontades. Tenho uma amiga que mora fora do País e diz que as férias para ela não são para perder tempo, são para vir ver a família. Por isso está disposta a pagar o que seja, para vir pela Tap, porque isso lhe garante um voo directo e a horas mais confortáveis. Isso não me parece nada errado, aliás, essa é uma das vantagens de viajar na Tap. Mas se estiverem dispostos a viajar em horas mais impróprias, têm voos para Madrid por 20€ às 7h, pela EasyJet, por exemplo. Ou têm voos para Londres a 30€, para o aeroporto de Luton a 2 horas de viagem do centro (de bus). Têm pressa? Não têm paciência? Voem para Heathrow, o mais próximo do centro, com estação de metro e para onde só voa a Tap.

O alojamento é igual. Normalmente fico em hotéis e prefiro os que têm pequeno-almoço incluido. Não sou nada esquisita, não me importo com quartos pequenos ou feios, só espero higiene e pouco barulho, mas mesmo assim, é difícil numa cidade europeia, encontrar um hotel que custe menos de 50€/60€ por noite. Em Paris, havia dias em que o meu quarto chegava a custar 120€ por noite. E estava longe do centro e o hotel não era nada de especial. Mas as pessoas que eu conheço que viajam mais, são um casal amigo que fica em hostels, nos dormitórios. A minha amiga diz-me que quando paga 12€ por noite já acha muito. Perdem privacidade claro, perdem conforto, mas vão a muito mais sítios do que eu, que não abdico de um quarto e uma casa de banho só para mim. Mas esta é a minha escolha.

O dia a dia é o mais dificil de poupar mas acho que se poupa mais, conforme se planeia melhor a viagem. Procurar por um supermercado mal se chega ao hotel é uma solução, para que se saiba logo à partida onde se vão comprar bolachas, água e pão para se ir comendo durante o dia o que vai fazer poupar muitos euros gastos em cafés. Restaurantes são sempre mais baratos os italianos, chineses, indianos e claro, as cadeias de fast-food. Mas se se conseguir poupar dinheiro durante o dia, talvez até se possa reservar o almoço e o jantar para se comer melhor. Em Madrid procurava por restaurantes nas ruas mais escondidas e encontrei refeições a preços muito semelhantes aos nossos. E a regra de ouro: nunca, nunca, nunca, procurar por comida nos centros turísticos. Às vezes basta andar uns metros e na rua à frente já se encontra uma alternativa mais barata.

E vou preparada para grandes caminhadas. Vejo antes de partir as opções de passes e bilhetes turísticos e organizo o meu dia de modo a conseguir ver as coisas por zonas, para que ande mais a pé e menos de transportes. Na segunda vez que fomos a Londres, conseguimos organizar-nos tão bem, que levávamos o dia praticamente todo sem entrar no metro.

Isto tudo sem falar no couchsurfing, viajar à boleia ou o InterRail, opções que eu não considero nesta fase da minha vida.Se ir à India pode ser uma viagem cara, a Europa tem muito para conhecer e mesmo aqui à mão de semear.

8 comentários:

  1. Há quem gaste o mesmo ou mais em férias no Algarve. Depois, tudo depende das preferências. Eu, como já conheço Portugal - e o que não conheço estou a deixar para quando tiver filhos - e não gosto do Algarve, opto por fazer uma viagem ao estrangeiro. E há, tal como dizes, para todos os preços. :) Em Fevereiro fui a Londres e consegui voar pela TAP a 75€ ida/volta. Marcamos com muita antecedência, é certo, mas ficou muito mais barato.

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  2. A maioria das pessoas continuam a ter sérios problemas em falar em valores mas creio que gastei menos nestas férias do que por exemplo os meus tios (1 casal) que foram para o Algarve, alugaram casa, comeram fora e foram à praia.
    Por exemplo: em voo e hoteis para uma semana gastei +- o mesmo que o meu pai pagava pelo aluguer de uma casa no Algarve num fim-de-mundo, por quinze dias, há cerca de 10 anos.
    Como dizes, a comida é onde acaba por se gastar mais, sobretudo para quem não procura fora das áreas turísticas.
    Os transportes depende dos locais que se escolhe visitar. Eu evito-os ao máximo.

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  3. Filipa, sinto o mesmo. Há certos sitios em Portugal que acho que serão óptimos para visitar com crianças, mas por agora tenho mais liberdade para ir a outros sitios. 75€ pela Tap, parece-me um preço óptimo! Eu às vezes ainda dou lá uma espreita, mas encontro sempre preços muito altos.

    Mnemósine, a 1ª vez que fui a Londres, estive 1 semana e ao todo gastei 500€. É claro que comi muita sandes com queijo e fiquei num quarto com mais 3 pessoas, mas 2 eram amigos, nem foi muito mau. Dificilmente as pessoas gastam menos que isto numas férias em Portugal.

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  4. Também já voei para Londres, pela British Airways, por €85. Marcado com muita antecedência, claro. Pesquiso imenso, faço o roteiro, vou a supermercados. Em Paris foi complicado, de facto, as estadias são mesmo caras, mas almoçávamos sandochas e jantávamos no apart (supermercado Dia ao fundo da rua, cool).
    Por uma semana no Alllllgarve paga-se uns €800 por semana, nem pensar. Passo a praia em casa de papais, borliu e bem bom, sobra para o resto :)

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  5. A questão é mesmo a seguinte: quem tem dinheiro vai viajar, quem não tem não vai (ou não deveria ir). Há sempre aquele pessoal que economiza aos poucos durante anos, como eu, para um dia que possa e queria, ir viajar sozinhos ou com pessoal, o que acaba por tornar as coisas mais divertidas e baratas porque é a dividir por todos. Também sou fã da organização. Se é para andar ao calhas, mais vale não sair da terrinha. Há pessoas e pessoas, umas sabem usar a cabeça, outras não.
    Bjs*

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  6. Viajar hoje em dia para o sinónimo não é sinómimo de ter muito dinheiro, até porque em geral sai mais barato do que fazer turismo "cá dentro".

    Quem me dera que estas facilidades existissem há 15, 20 anos! Aí sim, viajar era um luxo.

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  7. Izzie, 85€? E isso com quanta antecedência?
    Nightwish, tenho amigos que se juntaram e foram pela Europa num InterRail. Não se gasta muito, é só preciso ter espírito para isso.
    Cláudia, sim os meus pais e os meus avós (toda uma geração de classe média) nunca viajou porque era extremamente caro. Só os ricos viajavam. Hoje em dia isso já não funciona bem assim.

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  8. Preciso de dicas de Hoteis em Londres, please... Estou a planear uma viagem em "very low cost" para as próximas semanas e todas as sugestões são muitíssimo bem-vindas.

    Conheci o blog hoje (shame on me) mas vou ficar...

    Bjinhos*

    http://precisodeumblog.blogspot.com/

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