sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
Não lugares
A CP pôs em todas as estações (ou quase todas, em Entrecampos e Roma Areeiro acharam, se calhar, que as pessoas se iam matar) cancelas, que só se abrem quando se passa o passe ou o bilhete. Apesar de todos os problemas técnicos e incómodos daquela porcaria, desde cancelas estragadas, chips que não são lidos, bilhetes que esquecemos de "picar", filas de gente a sair do comboio travadas por aquela porra, etc, parece natural que uma empresa se proteja em relação a quem usufrui dos serviços sem pagar, certo?
E a resposta é sim mas, quando me lembro de todos os velhotes que todos os dias de manhã se juntavam na estação, acho que não é tão linear. Um deles até trazia sempre o jornal A Bola na mão, sentava-se no banco, uns dias sozinho, outros acompanhado e ali ficava até ao almoço. Hoje vi-o na esplanada do café, à porta da estação, sozinho a olhar para a estrada. Ou o velhote que no outro Sábado, me perguntou se podia entrar atrás de mim quando eu abrisse a cancela e eu lhe perguntei "então e como é que depois sai daqui?" e ele respondeu, que depois logo se vê.
O que é que se faz com esta gente a quem tiraram o seu espaço? O seu sítio para sentar, conversar e ver passar pessoas? É natural então, que cada vez menos espaços da nossa cidade nos estejam inacessíveis se não formos pagar?
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Não me parece natural mas até para passar o tempo é preciso pagar, é verdade.
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