quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Não o diria melhor

As pessoas interpretam sempre mal quando digo que não tenho, não quero e não posso ter muitos amigos, ainda que conheça muitas pessoas com quem gosto de estar e conversar. Para a próxima que me mandarem com o olhar "deves ser muito anti-social e má pessoa", vou dar-lhes a ler isto:

"Não se pode ter muitos amigos. Mesmo que se queira, mesmo que se conheçam pessoas de quem apetece ser amiga, não se pode ter muitos amigos. Ou melhor: nunca se pode ser bom amigo de muitas pessoas. Ou melhor: amigo. A preocupação da alma e a ocupação do espaço, o tempo que se pode passar e a atenção que se pode dar — todas estas coisas são finitas e têm de ser partilhadas. Não chegam para mais de um, dois, três, quatro, cinco amigos. É preciso saber partilhar o que temos com eles e não se pode dividir uma coisa já de si pequena (nós) por muitas pessoas."

Miguel Esteves Cardoso

2 comentários:

  1. Não sei bem se concordo. É um facto que não conseguimos ser igualmente amigos de muita gente, mas uma amizade não tem que ser igual a outra e não é por isso menos amizade. Há alturas da vida em que somos mais amigos de uns, porque partilhamos interesses e vivências, mas não deixamos de ser amigos de outros com quem não temos oportunidade de estar. O que eu acho é que a amizade tem sempre que ser reciproca, duas pessoas têm que estar no mesmo comprimento de onda, mesmo que isso signifique que não falam todos os dias mas só quando a saudade aperta. E quando é preciso. E quando partilhamos coisas boas. Porque uma amizade têm que ser o balanço de coisas boas e coisas más para ser verdadeira. E de silêncios. As boas e grandes amizades também são feitas de silêncios. (e apesar disto ando numa crise de amizades que nem te passa pela cabeça. deve ser da idade). :)
    bj

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  2. Patrícia, eu é por fases, há alturas em que reflicto muito sobre as amizades e sobre a Amizade num sentido mais generalizado. Há dias em que tenho que me esforçar muito para não cair numa certa descrença, porque olho e só vejo desinteresse entre as pessoas e prioridades trocadas. Mas depois tenho outros dias em que acho que o fundo das pessoas é bom e que têm sempre a capacidade de nos surpreender. Sobretudo surpreende-me ainda, a capacidade que um almoço com amigas, um lanche, uma conversa desinteressada ao telefone a falar de coisa nenhuma, tem um efeito curativo tão bom, e como tão poucas coisas o conseguem.

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Digo eu de que: