segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Os peões, os atropelados e os arrogantes


Por vezes contenho-me para não ser fundamentalista com a circulação automóvel em Lisboa, porque não conduzo, ando a pé maioritariamente e sinceramente estou-me nas tintas se não gostam da EMEL, se os parques são muito caros ou se apanham muito trânsito às 18h. Se é mau, venham de transportes, i don't care. 

Por mais cuidado que se tenha, peões e condutores são humanos e há sempre uma pequena margem de erro, uma probabilidade mínima de que mesmo com a melhor intenção e cuidado possíveis, se acabar a semana a levar alguém para o hospital sem saber se lhe lixámos a vida ou não, como o condutor que me atropelou e jura que é muito cuidadoso a conduzir, e eu até acredito.

Mas há um factor de perigo que aumenta exponencialmente esta margem de erro, e que eu vejo aos magotes nos condutores lisboetas — a arrogância. Já vi essa arrogância a ser motivo de razias, de aceleramentos em cima de pessoas mal cai um sinal, cor-de-rosas que acabaram em travagens bruscas, de condutores que passam verdes para peões e ainda apitam porque nem se deram conta do que acabaram de fazer.

Gostava de saber quantos manteriam essa postura depois de verem alguém estatelado no chão e perceberem que a chapa que conduzem efectivamente esmaga pernas, parte braços e mata pessoas. Quando se pensa nisto, até já nem interessa se o raio da velha se atirou para a frente do carro ou não. Se calhar até achou que o carro é que tinha de parar. Ou se calhar nem o viu. Se calhar até o sinal mudou enquanto ela estava a passinhos de cinderela na passadeira. Não importa. Deixa de importar. O carro é uma arma, com a qual infelizmente se ganha demasiada confiança e eu acredito que ninguém queira ter que viver com uma culpa dessas.

1 comentário:

  1. Eu acho que a arrogância vem um pouco dos dois lados. Eu conduzo mas também ando muito a pé. E posso dizer que é preciso ter um pouco de paciência nas duas situações. Quando vou a conduzir, muitas vezes sou eu que tenho de travar para não atropelar pessoas que vão a atravessar a estrada fora das passadeiras e que ainda têm o cúmulo de andar como se andassem a passear nas calmas e muitas vezes discutem comigo por eu apitar por estarem fora da passadeira (muitas vezes, com elas a poucos metros de distância). Mas como peão, também tenho de ter paciência porque os carros muitas vezes não param nas passadeiras, passam mesmo depois de ter ficado vermelho para eles, etc.

    A conclusão a que eu chego, é que há muita gente que se acha com o rei na barriga e, peões ou condutores, pensam que a estrada só a eles lhes pertence.

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Digo eu de que: