quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Enquanto houver quem possa ter amor-próprio

Uma amiga participou numa série de entrevistas para um call-center de uma seguradora de saúde. O trabalho implicava alguma responsabilidade, saber indicar rapidamente e sem enganos se a apólice cobre ou não determinada intervenção médica. Os empregadores estavam especificamente à procura de licenciados e pessoas mais maturidade, porque num grupo anterior com pessoas mais novas tinham ocorrido vários erros.

Um part-time de 4 horas por dia, 5 dias por semana, seriam pagos com 220€ no fim do mês. Duzentos e vinte euros por mês porra isto quase nem dá para alugar um quarto em Lisboa. Porra, isto é um quarto do meu passe. Porra, isto é o que eu gasto por mês só em comida e luz e água e gás. Porra e depois como é que se paga o resto? Isto não dá para nada a não ser sobreviver.

E é por isto que quando alguém enche a boca para dizer que os portugueses não gostam de trabalhar e quando entrevistam personagens não sei de onde, com vagas de emprego fantásticas mas que ninguém quer aceitar, eu penso que será feito de nós quando não sobrar mais ninguém à tona e tivermos mergulhado todos nesta loucura colectiva.

4 comentários:

  1. Fiz as contas, e a 80 horas por mês isso dá 2,75 por hora. É gozar com as pessoas, fónix.

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    1. E o full-time era pago com os 485€ do ordenado mínimo certinhos. E ainda vêm aventesmas dizer que não se pode aumentar o ordenado mínimo, porque senão era o fim do mundo. O fim do mundo é viver com o ordenado mínimo!

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  2. Estou sem palavras.
    4 horas por dia?
    Numa seguradora, que ganha balúrdios.

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    1. exacto..foi o que pensei. Não é propriamente a associação de cães e gatos de rua..

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