quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Recomeçar

Noell Oszvald

Dizia-me ontem a dona do centro de estética onde faço a depilação, que arrastada pela morte lenta do comércio local (tornada rápida pela crise) e ao fim de mais de 20 anos de casa aberta, se vê obrigada a fechar e a recomeçar noutro sítio, noutro projecto, noutras condições. Estava contudo muito optimista, como eu acho que as pessoas são sempre quando não têm alternativa, dizia ela que nada é por acaso e que se calhar era mesmo altura de fechar um ciclo e recomeçar.

Dei comigo a pensar que nada é por acaso ou que é realmente irónico que um povo tão ligado ao passado, à saudade, aos que já foram e ao tempo da outra senhora, seja obrigado a avançar para sobreviver, a sair da sua zona de conforto e a partir, a deixar para trás os anéis para manter os dedos, a refazer sonhos e recomeçar, recomeçar, recomeçar.

Se há lição que tiraremos desta crise é esta. Para mim essa seria (ou será) a palavra do ano: recomeçar.

2 comentários:

  1. Concordo. O problema é que os recomeços são sempre na sequência de uma tragédia, são sempre obrigatórios e não voluntários. E para todos os outros o medo do futuro paralisa e proibe o recomeço.

    beijinhos, miúda

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    1. Então esperemos que para este ano hajam novos recomeços, mas voluntários :)

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Digo eu de que: