segunda-feira, 28 de abril de 2014

Itália, por onde começar II

Piazza Michelangelo, Florença

Tudo o que ouviram dizer sobre a condução dos italianos é verdade e talvez um bocadinho pior. Não há traços contínuos, radares nem limites de velocidade que os detenham (e estávamos no norte, disseram-nos que no sul é pior, porque maioria nem tem seguro no carro). Não falam um cu de inglês mas compensam com uma grande simpatia e disponibilidade. A condução no centro das cidades é impossível, nalguns casos como em Florença, Siena ou Lucca é mesmo proibido e em contrapartida os transportes para o centro são muito baratos.

Os italianos como bons mediterrâneos levam a sério as refeições. Houve um empregado que nos ofereceu uma garrafa de água porque dizia que aquilo não se saboreava sem bebida e outra vez deixei meio bolo de limão no prato e recebi directamente da cozinheira dois bolos num pratinho, para que não saísse de lá sem provar um bolo que eu gostasse (o conceito de estar cheio não existe). Ao contrário das minhas expectativas, já comi melhor comida italiana em Portugal do que lá. Eu tentei evitar os sítios turísticos, mas ainda assim, não achei a massa nada de especial e as pizzas embora muito boas (e algumas com ingredientes praticamente crus, o que não se vê muito por cá) não eram espectacularmente melhores do que as já tenho comido por aqui. Comi uma coisa ou outra de comida típica toscana mas que não me encheu as medidas (ficámos sempre a questionar-nos o que é que aquelas pessoas comiam em casa, tem de ser muito mais do que a variedade dos menus). Gostei no entanto, na forma como grelham legumes como acompanhamento ou da sopa ribollita. Tudo além de pizzas e massas, é estupidamente caro, como por exemplo uma costeleta grelhada com acompanhamento (que nunca está incluído no segundo prato, tendo que se pagar à parte) custar facilmente 16€ enquanto uma pizza (enorme) custa 5 a 8€. Claro que ao fim de 3 dias já deitava tudo o que tinha tomate e queijo pelos olhos (cheguei e fui comer caracóis, pois claro).

Começámos por Génova que embora tenha visto de fugida e apenas o cais, fiquei com muita vontade de voltar e explorar melhor (talvez por ser geográfica e historicamente muito parecida com Lisboa). Depois fomos para Pisa que ao contrário das minhas expectativas (ah só vai ter o raio da torre a cair), achei linda, com o Campo dos Milagres impecavelmente arranjado. A Toscana é campo, muito campo, muitas árvores (e nalgumas zonas, muitas mesmo muitas vinhas) interrompido por algumas vilas medievais, muito bonitas e conservadas e com fluxo de pessoas constante. Pensei o tempo todo quando é que começávamos a fazer dinheiro a sério com o nosso Alentejo e Norte, porque a Toscana me pareceu muito com a zona do Douro.

Tinha altas expectativas em relação a Florença e algumas delas saíram-me furadas, talvez apenas devido a tudo o que o excessivo turismo implica: filas que não acabam (algumas devido à desorganização italiana), multidões nas zonas mais turísticas criando o efeito compras-no-colombo-na-altura-do-natal e um preço excessivo em tudo, desde alojamento a comida, entrada em museus, etc. Contudo, Florença é uma cidade especial, com imensa história e património, que durante séculos foi regida por uma família com muito dinheiro que investiu na ciência e na arte. Basta pensarmos que a dada altura tudo se passou em Florença e arredores, desde a descoberta da gravidade pelo Galileo (que foi protegido pelos Médicis da sentença de morte decretada pela Igreja), a sequência numérica do matemático Fibonacci (ou Leonardo de Pisa), o Renascimento e a 'descoberta' da perspectiva, a obra de Leonardo da Vinci ou Boticelli. O Duomo é uma presença constante na cidade e incontestavelmente o seu símbolo (senti-me como aquela senhora que dizia ser perseguida pela torre do Técnico).

3 comentários:

  1. Estive em Milão em Dezembro e também me desiludi com a comida e, principalmente, com o café. Temos mesmo muita qualidade em Portugal e acho que Itália está muito bem representada no nosso país no que toca a comida.

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    1. E gostaste de Milão? Passei por fora, não podia entrar no centro com o carro, mas tinham-me dito que também não tinha muito para ver..

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    2. É uma cidade muito bonita. Nunca tinha ido a Itália, mas achei que tem uma arquitetura muito interessante, clássica. É uma cidade ótima para andar kms a pé e tem zonas muito giras.

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Digo eu de que: