"Se há um chavão que tem marcado esta crise é o apelo à austeridade digna como uma espécie de dever que se sobrepõe ao senso comum, à democracia, a diplomacia, ao interesse pessoal, aos interesses nacionais. É um apelo feito por políticos e economistas profissionais de ar grave, pesaroso e pessimista, sublinhado pela cor escura das suas fatiotas e pelo tom quase fúnebre das gravatas.
Mas se a forma quase convence, o conteúdo e o contexto não. Para muita gente, austeridade significa uma pobreza forçada e humilhante em favor de grandes interesses. Significa o fim do estado social, da classe média, mais desigualdade – um sacrifício inútil e, mais do que isso, imoral, insultuoso.
(...)
Ao nível de outros estilos, não me espantava que, depois de uma década onde a tecnocracia burocrática descambou no desastre da Grande Austeridade, a escrita se tornasse também mais informal, ofensiva e até dadaísta, mesmo no domínio da intervenção pública – veja-se a popularidade do estilo descontraído do economista Paul Krugman, por exemplo."
Mário Moura - Less is Moralist
The Ressabiator
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