Ingenuidade sim mas não só

daqui

Conheço milhentas pessoas que criaram blogues e páginas facebook para vender carteiras, porta-cartões, forra-livros e malas de tecido. Ultrapassada a moda dos fimos, dos colares e fios e pulseiras, agora é das coisas em tecido.

Não desprezo estas formas de negócio, pelo contrário, acho importante que as pessoas encontrem actividades criativas que as complementem monetária e psicologicamente do trabalho que fazem. Mas parece-me haver uma certa ingenuidade quando as pessoas acreditam mesmo que é daquilo que vão tirar dinheiro suficiente para deixarem o emprego das 9h às 17h. Dificilmente isso acontecerá, primeiro porque há muita gente a fazê-lo, segundo porque todos o fazem igual com os mesmos modelos e com os mesmos tecidos a acrescentarem nada ou pouco ao que já existe e terceiro, porque malas e bolsas em tecido não é algo que algum dia se compre (muito menos agora) em quantidade suficiente que faça alguém rico, sobretudo quando toda a gente o faz e aí volta-se ao início. 

Mas ontem alguém me mostrava as carteiras e afins que o cunhado começou a fazer depois de ter ficado desempregado e com a mulher em casa a recuperar de um AVC. Então percebi que não é apenas ingenuidade mas um precioso instinto de sobrevivência. que nos faz acreditar mesmo no mais improvável, não por loucura ou falta de noção da realidade, mas porque não há outra opção para enfrentar a incerteza.