Ontem ao meu lado alguém se levantou para ceder o lugar a um senhor com paralisia cerebral. Baba a escorrer-lhe pelo queixo, baba na camisola e muito esforço a dirigir-se ao lugar livre e um imprevisto bom humor com piadas de "é que estou grávido!" a quem lhe cedeu o lugar. Humor do qual ninguém se riu ou retribuiu, de tão absorvidos que estávamos nas nossas próprias vidinhas, de fim de dia de trabalho, a evitar de todas as maneiras encarar o desconforto e vergonha alheias por aquela baba toda. Depois lá ele se senta, suspira, vai à mala e começa a ler a Divina Comédia.
Não sei muito bem que conclusão queria fazer disto, talvez que às vezes o Inferno são mesmo os outros.
mesmo.
ResponderEliminaressa história é fantástica, excepto a parte em que estamos todos demasiado absorvidos nas nossas próprias vidas para reagir :/
sim mas acho que o contraste foi mesmo esse, a abertura e disponibilidade de uma pessoa que tem todos os motivos para se fechar na concha e nós virados para o umbigo. por comodidade também, porque ninguém quer encarar a doença.
Eliminarehpa, mas por que é que os jornalistas também não encontram nos seus caminhos estas "histórias de vida"? ah já sei. Também encontram, mas acham que não têm "relevante interesse para o público".
ResponderEliminaràs vezes nas crónicas acho que se encontram. não devem é ser notícia :)
Eliminarsabes, eu acho que ando a ler poucos jornais, em papel, e mesmo os online é raro ler crónicas. Infelizmente - para mim, claro. Acho que é algo que também terei de corrigir num futuro muito próximo!
Eliminar:D