segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Uma espécie de telepatia ibérica

Na Turquia, a meio de uma excursão com pessoas de várias nacionalidades, parámos para almocar peixe grelhado num sítio muito agradável no meio do campo e do qual os guias nos tinham falado na espectacularidade da comida a manhã inteira. Tudo maravilhoso, até ter começado a comer o peixe. Aquela porra sabia a peixe de rio sem sal, ou seja, a nada. Eu e o fuschio tentámos mas desistimos e acabámos por dividir almoço a meias com os gatos que passeavam pelo restaurante (os turcos adoram gatos e eles estão por todo o lado, o que para mim era muito chato claro), ou seja, eles comiam o peixe e nós o resto. Olhámos ao longo da mesa e toda a gente parecia estar a adorar aquela porcaria, até que lá ao fundo, no fim da mesa, começámos a perceber que haviam gatos à volta do casal de espanhóis e que estavam a fazer o mesmo. Acabámos por sorrir uns para os outros e comentar que lá no nosso canto da europa se comia bem melhor que aquilo. A questão com os espanhóis é esta, são irritantes quando nos visitam e ainda mais arrogantes quando estamos no país deles, mas quando estamos longe é óbvio o quanto somos semelhantes. É um bocado como os primos.

Eu insisto em tentar não me deixar levar pela ressabiada embirração lusitana com espanhóis nem cair em generalizações mas eles insistem em ser maioritariamente irritantes:
1. não sabem português (o que é aceitável);
2. não querem saber português (o que é um bocado parvo, porque só fazemos fronteira com eles);
3. suspiram ou reviram os olhos quando percebem que estão a ouvir português e que quem fala do outro lado não percebe espanhol.

E foi neste carinho mútuo que se baseou toda a minha dinâmica com o senhor da cafetaria da estância de ski. Eu pedia-lhe um chá preto, ele revirava os olhos, dizia que não percebia e trazia-me contrariado chá preto. Vá-se lá perceber esta telepatia ibérica.

2 comentários:

  1. Eu sei que de Espanha 'nem bom vento, nem bom casamento...' mas na verdade isso não é geral. Mesmo aqui na nossa fronteira Norte, os vizinhos gallegos são simpáticos e até dizem obrigada aos tugas que por lá andam :)

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    1. sim, acredito e também já conheci espanhóis simpáticos :P mas estive num sítio onde até haviam muitos portugueses e acho que não era preciso um esforço extraordinário por perceber um mínimo de português..

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Digo eu de que: