terça-feira, 24 de maio de 2016

Deixem-me morar na melhor Casa! #euescolho #eutambemsouestado #casadequalidadesoparamim



Há qualquer coisa cómico-decadente nas manifestações contra o fim dos contratos de associação com os colégios privados. Afinal, todos nós percebemos a zanga, mas a maioria dos adultos já desistiu dela algures no processo. Eu por exemplo, gostava de ter uma casa com quintal, estudei e trabalho para isso e continuo a não ter dinheiro para comprar uma casa com quintal. Onde está o Estado, para me ajudar a comprá-la? Não me digam que vão gastar esse dinheiro com subsídios de desemprego?

9 comentários:

  1. Eu até concordo com o cancelamento de muitos destes contratos de associação, porque infelizmente hoje não fazem mais falta. Mas não fazem falta apenas pelo nosso problema demográfico, não há crianças que os justifiquem. Mas este género de comentários parecem-me bastante demagógicos, a questão não é o estado pagar por colégio de luxo a ninguém. O estado tem exactamente a mesma despesa com estes alunos do que tem com os que andam em escolas totalmente públicas. Apenas o facto da gestão da escola ser privada, permitiu em muitos casos, ao longo dos anos fazer omeletes muito melhores com os mesmos ovos. Também há na rede nacional de hospitais, alguns que tem gestão privada, mas funcionam integrados na rede pública. O estado subsidia para que toda a gente possa lá ser atendida como em qualquer outro hospital público.
    O maior problema neste caso, é que a opinião pública não percebeu ainda a diferença entre uma escola privada e uma escola com contrato de associação.

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    1. Porque dizes que infelizmente não fazem mais falta?

      Segundo me constou, os alunos poderão continuar nos colégios até terminarem o ciclo. Portanto poderão continuar a ter para si "a melhor escola", os irmãos é que não. Por isso falo em expectativas furadas. Mas não acho que um privilégio deva ser confundido com um direito.

      Se os contratos vão ser cessados apenas nas áreas em que existe oferta da rede pública, como justificas o investimento?
      Se um hospital público servisse exactamente a mesma área que serve o amadora-sintra, um dos investimentos deixaria de fazer sentido.

      Se a escola pública não é a melhor escolha, isso é um problema que se deve resolver. Para que não calhe à sorte uns ficarem com melhores omoletes que outros.

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    2. Digo que infelizmente hoje não fazem mais falta porque o número de alunos diminui, porque baixou a natalidade, e isso não é bom para ninguém.

      Teoricamente poderão acabar, mas uma grande parte das escolas não conseguem aguentar o barco com menos financiamento, parece simples de entender que o que gastam 1000 alunos não é 10 x o que gastam 100. Há gastos fixos e as indemnizações dos professores e funcionários, por isso provavelmente muitas das escolas fecharão este ano para todos.

      Os contratos vão ser cessados nas áreas em que agora há oferta da rede pública, quando os contratos foram iniciados não havia ou não era suficiente para responder a todas as necessidades. Porque a rede pública aumentou e porque a procura diminuiu (a natalidade, lá está), agora não são mais necessários.

      E eu não acho que a escola pública não seja uma boa opção, há escolas boas e más, como em tudo na vida, deve tentar-se sempre que todas melhorem.

      Como disse inicialmente, percebo e concordo que muitos destes contratos não possam ser renovados, não concordo é que para trazer a opinião pública para o lado destas medidas se passe a ideia que de eram escolas privadas, de meninos ricos, que enchiam os bolsos à custa do estado. Haverá sempre algum exemplo em que possa ter acontecido, porque há sempre quem se aproveite de tudo nesta vida, mas acredito (e conheço exemplos concretos) que a maioria prestou durante muitos anos um serviço público de qualidade quando o estado não teve condições para o fazer.

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    3. Não duvido que hajam bons exemplos concretos.
      Também não duvido que algumas seriam escolas de meninos ricos, mas não quero ir por aí. Questiono antes o sentido de se investir paralelamente. Por exemplo, se demoro um ano à espera de uma consulta de especialidade num hospital público e se o Estado me compensar com um vale para ir ao privado, estará a resolver o meu problema imediato, mas não a incapacidade de mas providenciar em tempo útil, apesar de ter instalações e equipamento para tal.

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    4. Eu percebo a questão que colocas, mas não considero que tenha havido investimento. Os espaços, edifícios e valências das escolas não foram construídas pelo estado. Foi pago apenas o serviço prestado enquanto não houve capacidade para o oferecer de forma autónoma, esse dinheiro seria gasto também numa escola pública.

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    5. Não me esclareci bem. Claro que nos colégios privados o investimento inicial foi privado, mas exactamente por isso, não podem vir exigir manter os contratos de associação porque os seus investimentos estão em risco. Isso é um problema que cada colégio tem que resolver, tal como uma empresa.

      Pelos mesmos motivos que apontaste em cima, cada escola tem gastos fixos independentemente do número de alunos. Se tens 100 alunos em determinada área de residência e uma escola publica que os possa receber, o Estado não pode e não deve pagar para que parte desses alunos vão estudar para o colégio do lado, porque os pais acham que devem ter liberdade de escolha.

      Da mesma forma, se eu gosto muito de um médico na CUF, não posso exigir ao Estado que me pague a consulta na CUF só porque desconto para a segurança social. Se quero essa liberdade de escolha, tenho que a pagar. Se não tenho dinheiro para a pagar, temos pena, mas tenho que ir a um hospital público. Agora, se achamos que o que o publico oferece não é suficiente e devia ser melhor, isso é outra coisa e é algo para que todos devíamos batalhar. Mas não é isso que vejo estes pais indignados a pedir.

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    6. Eu concordo com tudo isso. E percebo o que o estado está a fazer neste momento. Não concordo é com a imagem que estão a passar (para trazer a opinião pública para o seu lado) de que se andou a subsidiar aulas de equitação a meninos do papá.

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    7. Mas também já viste os argumentos que estão a usar os colégios?

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    8. Sem dúvida, muitos colégios e a oposição. Liberdade de escolha é o pior de sempre, acho que são tiros nos pés. Mas também acho que a comunicação social deveria fazer um trabalho um pouco mais esclarecedor. Ou pelo menos, o meu conceito de jornalismo tinha essa obrigação, provavelmente não vende tanto...

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