quinta-feira, 3 de julho de 2014

Quando Deus não dá nozes nem dentes

Stefan Zsaitsits


Visitei um centro de acolhimento temporário. A loucura de brinquedos, cadernos perdidos, livros muito arrumadinhos nas prateleiras (lê-os tu, ora) cabecinhas a olhar para a televisão e lutas na sala do lado não enganam: ali vivem crianças e adolescentes. Muitos. Que estudam, brincam, jogam à bola, fazem surf aos fins-de-semana, brigam com os companheiros de quarto e são arrastados para as aulas como qualquer outro miúdo normal. Mas por algum motivo foram abandonados pela família ou o tribunal decretou que seriam eles a terem que a abandonar.

Apesar do sincero esforço de todos os que se dedicam aqueles miúdos, a palavra temporário diz tudo. É uma casa de acolhimento temporário. Tudo o que a casa dos nossos pais nunca foi. Uns partem para a adopção (com uma bagagem emocional que maioria das famílias não saberão gerir), outros para a autonomização (yei!) e outros voltam para as famílias, se entretanto se tiverem conseguido orientar. Pensar que a minha gata tem mais lar do que algumas crianças é um sentimento difícil de gerir.

2 comentários:

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