quinta-feira, 9 de junho de 2016

Pró-vida, mas que vida?

Depois dos prognósticos positivos, das palmas, congratulações e cumprida a "missão e responsabilidade" do centro hospitalar, questiono-me para quem é que isto é bom afinal, se para a comunidade médica e o "avanço da medicina" ou se para este bebé, que alheio a tudo isso, nasceu de uma mãe morta, de um pai que não está disponível para o criar e que será, parece, criado pelos avós "velhinhos". Se daqui a cinco anos este bebé estiver numa instituição, alguém dos que se orgulharam tanto de o salvar, irá buscá-lo para o criar?

10 comentários:

  1. O pai não está disponível para o criar? A sério? Por acaso numa notícia que li ontem fiquei com a ideia que toda a família estava de acordo. Assim é muito triste.

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    1. Pela imprensa (que vale o que vale) dizem que "não tem condições" e que será criado pelos avós maternos "já velhinhos".

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  2. Ontem comentava-se entre colegas de trabalho o extraordinário milagre da vida. Eu, apenas questionei que vida e futuro terá aquele bebé que ainda antes de nascer já era órfão. Caíram-me em cima, porque tem a restante família, e teca teca, e é uma vida, e blá blá blá.
    Agora é isto: um pai que recusa o filho por alegadas faltas de condições (até porque o Estado tem de financiar colégios privados, não famílias carenciadas), avós idosos que se responsabilizam pela criança. E eu volto a perguntar: que futuro tem este bebé?

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    1. Eu achei que seriam condições psicológicas, mas é especulação da minha parte. O Estado ajuda famílias carenciadas e ajuda crianças que não têm família, Institucionalizando-as, mas por melhores que sejam as intenções, são condições difíceis.

      Salvar uma vida humana é um ideal bonito e intrinsecamente humano, mas às vezes questiono se não será também egoísta.

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  3. Ao saber que havia a possibilidade de salvar o bebé, fez-me sentido, ainda que as circunstâncias sejam tão tristes. Questiono-me, no entanto, sobre as consequências que ele terá de ter crescido no interior de uma mãe em morte cerebral e espero que esta criança seja bem acompanhada. O que me repudiou foi a forma como isto foi abordado, estilo troféu da medicina portuguesa.

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    1. Sim, isso é outra coisa. Estímulos que não teve, enfim, que consequências de um bebé que está num corpo que já não responde ao seu bebé.

      Eu também acho que não preferia que o deixassem morrer. Mas fico com uma sensação agridoce. Li que mesmo que a família não o quisesse, ficaria sob a tutela do Ministério Público e seria mantido vivo, porque "os filhos não são dos pais". Mas então e depois? O depois não dura uns meses, é uma vida inteira, quem se responsabiliza? Quem cuida, quem ama?

      Parece que a ciência e a ideologia não caminham em paralelo com os afectos.

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    2. Mas aí entramos noutra questão que é a falha nos processos de adopção. Não faltariam pessoas desejosas de serem pais para acolher esta criança com muito amor. Só que vai-se lá saber porquê e na prioridade da família biológica, quantas não ficam em instituições até que a mesma tenha condições?

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    3. Tantas. Neste caso deu-se prioridade aos avós. Não tenho nada contra os avós, o que me assusta é dizerem especificamente que são "avós velhinhos". Quer dizer o quê, que antes de atingir a maioridade estará sozinho?

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  4. Haja alguém que não veja isto apenas como um milagre da medicina mas sim também como uma situação com qualquer coisa de errado... Mesmo ignorando as circunstâncias familiares de que falas no post, não sei, parece-me que usar uma mulher morta para incubar um feto tem qualquer coisa de eticamente duvidoso...

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    1. Choca-me mais que mesmo que não houvesse família para cuidar deste bebé, o Estado acha que esta criança deve viver, iria ativar os mesmos procedimentos e no fim, acabaria num orfanato, quando já se sabe o que acontece quando um bebé cresce sem mãe. Se querem fazer de Deus que façam como deve de ser e pensem em tudo, comecem a planear as adopções desde o momento do nascimento. Mas fazer à força, por motivos ideológicos, manter um bebé vivo, não sei se é bom para ele ou para o ego dos demais.

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