terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Amor que arruma a loiça da máquina

A seguir ao discutível mega sucesso do Eat, Pray Love, a Elisabeth Gilbert escreveu Committed, onde continua a história com o homem por quem se apaixonou em Bali, enquanto tenta pacificar-se com a decisão de não ter filhos e com a ideia de voltar a casar, sob pena do companheiro não poder voltar a entrar nos Estados Unidos. Recorre à mãe, à avó e às histórias de outras pessoas em relações estáveis, para perceber o que é isto afinal, de se estar numa relação e de se ser mulher-mulher e mulher-esposa. 

O livro nunca se tornou muito conhecido, talvez no fundo, ninguém tenha muito interesse em saber o que acontece a seguir ao amor de sonho.

Há uma frase qualquer em que ela diz que o que os monges procuram em vidas solitárias nos mosteiros, a maioria de nós procura em discussões na mesa da cozinha, nas confusas, incómodas, infinitas disparidades entre um casal. E eu concordo. Estar junto é aceitar essa quota de desconforto, que algumas coisas nunca serão exactamente como queríamos, porque está lá outra pessoa, mas que ainda assim, vale a pena.

Nestes dias de São Valentim, parece-me que as pessoas se identificam sempre mais com aquele amor que se conhece em Bali, longe do trabalho, do despertador, das rotinas, e pouco com o amor que se constrói mais na vida e menos nos sonhos. Não me chateia que me tragam água de coco enquanto estou esparramada na toalha, mas assim como assim, prefiro que me arrumem a loiça da máquina.

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Ou isto.

3 comentários:

  1. <3
    Aqui há uns anos o Steve Carrell (acho que foi ele), à pergunta sobre actos românticos, deu esse exemplo: unload the dishwasher. E sobre a mulher disse algo que achei do mais romântico que há: que um dos gestos que lhe apreciava muito era ela deixar, todas as noites, a máquina de café prontinha e programada para ele de manhã ter o seu café fresco à hora certa.
    Acho que é nestas pequenas coisas que se sente, deveras, o amor. Cá jóias, gigantescos ramos de flores, jantares caríssimos. Isto é que é.
    (os outros não sei, mas eu aprecio muito estes pequenos cuidados)

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    1. (Eu também)
      Por aqui aprecio particularmente quando ele em vez de espantalhar a roupa por vários sítios, resolve coloca-la no cesto da roupa suja. Sobretudo se não tiver sido eu a reclamar por isso. Nessas alturas acho que o amor é lindo e quase que oiço os passarinhos a cantar lá fora. Sou uma romântica, eu sei...

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Digo eu de que: