quarta-feira, 8 de julho de 2015

Como é linda a puta da vida


A Eve Ensler dizia que antes de se tornar budista achava que só os idiotas eram felizes. Com o passar do tempo tenho vindo a dar-lhe razão. Afinal de contas, não sou alheia ao meu sofrimento nem ao dos outros. E há dias ou fases na nossa vida ou na dos outros que não são felizes. Negá-lo é acreditar numa mentira. E quanta energia não é gasta a mantê-la?

Esta onda de optimismo que se espalha em livros de auto-ajuda e pelo facebook fora, vendendo esta ideia de que devemos acordar todos os dias com um entusiasmo esfuziante por se estar vivo e porque é tudo tão bonito e porque as pessoas são tão bonitas e porque o mundo é um sítio tão bonito é pura loucura. Mas, e o resto? E os outros dias? Lembram-me um amigo que diz que tem sempre tanta pena de medicar psicóticos em estados maníacos, afinal de contas, eles estão tão felizes.

A vida é linda, mas tem dias. Deixem-na zangar-se nos dias maus.
(I do)

4 comentários:

  1. Agree! Agree! Agree! :)
    E agora no verão temos mesmo a obrigação de ser felizes, estar em boa forma, bronzeados, comer bagas goji e usar unhas de gel em tons neon. Ah! E correr! E tirar fotos antes, durante e depois da corrida! E publicar o trajeto, os minutos e os kms que se fizeram!
    É só malta positiva e cheia de energia, no verão! :P

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olha como uma amiga minha que sempre que chegava ao verão voltava a ter ataques de pânico. estava completamente contra-corrente :P

      Eliminar
  2. Primeiro, esse títalo é um dos melhores títalos de livro de sempre.
    Segundo, a vida é linda, sim senhor, mas como no cinema de antigamente, tem imensos intervalos. E o direito a estar triste devia ser consagrado constitucionalmente.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. o títalo é maravilhoso porque junta duas verdades nada contraditórias, excepto para quem se quer enganar. Às vezes a vida é grandessíssima meretriz.

      Eliminar

Digo eu de que: